11/10/13
"Deslobolar" a literatura moçambicana
Ontem, na conferência sobre literatura moçambicana o nosso convidado, o professor e investigador Cremildo Bahule, empregou um termo interessante que gostávamos de contextualizar muito brevemente. Disse em certo momento que a obra de Paulina Chiziane representaria um "deslobolamento" da literatura moçambicana. Para contextualizar este neologismo, que consideramos muito oportuno, oferecemos aqui alguns textos, reportagens e material audiovisual em relação com a cultura do lobolo (Moçambique) ou do alambamento (Angola):
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Literatura Moçambicana,
Moçambique,
Paulina Chiziane
07/10/13
Conferência sobre Literatura Moçambicana
Depois da conferência do professor Félix Filimone F. Tembe, no passado mês de março, e que pode ser visualizada na UVigo TV, o Departamento de Filologia Galega e Latina da Universidade de Vigo, apresenta agora outra conferência mais sobre literatura moçambicana:
Na quinta-feira, dia 10 de outubro, o professor e investigador Cremildo Bahule falará sobre "Literatura Moçambicana: um msaho em sedimentação".
A conferência terá lugar no auditório da Faculdade de Filologia e Tradução a partir das 12:00 horas.
"msaho": dança orquestral moçambicana acompanhada de canto.
Na quinta-feira, dia 10 de outubro, o professor e investigador Cremildo Bahule falará sobre "Literatura Moçambicana: um msaho em sedimentação".
A conferência terá lugar no auditório da Faculdade de Filologia e Tradução a partir das 12:00 horas.
"msaho": dança orquestral moçambicana acompanhada de canto.
dança orquestral acompanhada de canto
msaho In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-04].
Disponível na www:http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/msaho
msaho In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-04].
Disponível na www:
Cremildo Bahule, é ensaísta, escritor e asessor editorial em Ndjira – Sociedade Editorial.
É Mestrando em Linguística na Universidade Eduardo Mondlane. Publicou o ensaio Carlos Cardoso – Um poeta de
consciência profética (Alcance Editores, 2010) e Literatura Feminina, Literatura de
Purificação: O Processo de Ascese da Mulher na Trilogia de Paulina Chiziane
(Ndjira, 2013). Participou como investigador num projecto de recolha das tradições orais de Moçambique, posteriormente publicado em Multiculturalidade
e Plurilinguismo: Tradição oral e educação plurilingüe na África central e
austral (cf. também o site Contafrica). Foi investigador associado da «Unidade de
Diagnóstico Social» do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo
Mondlane, tendo realizado um estudo sobre a relação entre a música popular moçambicana e as
línguas autóctonas. Os resultados foram publicados em Kudumba Ka Vana Va Ndota: A música
como uma plataforma de preservação da língua – (Um) diálogo sociolingüístico
sobre a estética musical de Ghorwane (actualmente no prelo).
Também publicou, em 2011, Babalaze
– A outra margem da verdade, entrevista com o rapper moçambicano
Azagaia, e colaborou na obra Samora
Machel – História de uma vida dedicada ao povo moçambicano, editada
pelo Instituto de Investigação Sócio-cultural. Em 2012, editou o livro de
poesia Caligrafias –
Liricismo naïf, no I Encontro Internacional do Livro em Cartão,
realizado em Maputo. Actualmente, é investigador independente e está a
desenvolver uma pesquisa sobre a ideia da “mestiçagem moçambicana” partindo da
construção polifónica e do relato do discurso na ficção narrativa de Paulina
Chiziane e a “convergência entre bilinguismo, literatura e direitos humanos”. Durante o mês de outrubro, foi o convidado do programa de Residências para Escritores e Escritoras, da
editorial galega Axóuxere.
Mais informação em http://axouxerestream.com/residencia-de-escritores/cremildo-bahule/
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Literatura Moçambicana,
Moçambique
01/10/13
Antígona revisitada. Um estudo indispensável da autoria feminina em Portugal
Esta recensão de
Cláudia
Pazos Alonso e Hilary Owen: Antigone's
Daughters? Gender, Genealogy and the Politics of Authorship in
20th-Century Portuguese Women's Writing.
Lewisburg: Bucknell University Press 2011, ISBN 978-1-61148-002-3.
foi publicada en Abriu – textualidades
do Brasil, Galicia e Portugal, 2, 2013.
Abstract
Using a most appropriate rereading
of the Antigone myth as unifying metaphor, Owen’s and Alonso’s lucid discussion
of six well-known Portuguese women writers, working across different genres,
offers fundamental insights into the complex gender politics and related
genealogical questions in Portugal’s twentieth century literature.
Muitas escritoras portuguesas ainda não estão
representadas no sistema cultural de uma maneira que poderia ser considerada
igualitária. A ideologia do “falso neutro”, já denunciada em 1989 por Maria
Isabel Barreno, e que levou muitas autoras a serem excluídas do cânone, continua
em vigor. Um exemplo recente constitui o volumoso Século de Ouro – Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do Século XX (2002),
um dos projetos antológicos mais importantes dos últimos anos: Apresenta apenas
nove poesias de seis escritoras de um total de 74 textos, e um número igual de estudiosas
e estudiosos, entre os quais só há 19 mulheres das que meramente quatro
escolheram e comentaram textos de autoria feminina. Assim, quando a nível
internacional as teorias da diferença já estão a ser ultrapassadas por outras
problematizações do género e das identidades, a actualidade portuguesa impõe a
necessidade de continuarmos a “favorecer projectos de investigação académica e
intervenção cultural que privilegiam de forma enfática e exclusiva a análise
ginocrítica” (Klobucka 2009: 16).
É, também, por esta razão intrasistémica que a
recente publicação de Antigone's
Daughters? Gender, Genealogy and the Politics of Authorship in 20th-Century Portuguese
Women's Writing, das professoras Cláudia Pazos Alonso (Universidade de
Oxford) e Hilary Owen (Universidade de Manchester) tem de ser celebrada. Como se
indica na introdução do volume, a crítica e a investigação académicas da
literatura em Portugal, seja aquela realizada por homens ou por mulheres,
continua a ser reticente em relação às teorias relacionadas com os estudos de
género e feministas em geral. Nas décadas entre os trabalhos pioneiros de
Magalhães (anos oitenta) e o Dicionário
da Crítica Feminista de Amaral e Macedo (2005) tem-se praticado relativamente
pouca crítica literária feminista em Portugal, em comparação com os âmbitos
espanhol ou francês, por exemplo. Se contamos hoje com um pequeno, mas
solidamente articulado acervo de trabalhos orientados pelos estudos de género
sobre a literatura de autoria feminina do século passado é, em grande medida,
graças a estudiosas a trabalharem em universidades estrangeiras, como Darlene
Sadlier, Anna Klobucka, Ana Paula Ferreira, Chatarina Edfeldt, Elfriede
Engelmeyer, etc., entre as quais se encontram as autoras do presente estudo.
Antigone’s
Daughters? é uma releitura da história literária portuguesa de autoria feminina do século XX, orientada tanto pela ginocrítica
como por aspectos do feminismo da terceira onda ou pós-estruturalistas, a
partir de três gerações de escritoras agrupadas em três pares exemplares, tanto
em termos diacrónicos como sincrónicos: Florbela Espanca e Irene Lisboa como
uma primeira e limitada “abertura modernista”, Agustina Bessa-Luís e Natália
Correia como vozes do tempo da ditadura e, finalmente, com Hélia Correia e
Lídia Jorge a representarem o período pós-revolucionário. Através de precisas análises
e comparações de obras seleccionadas, Owen e Alonso mostram como estas escritoras
responderam de diferentes formas à tradicional associação do génio criativo com
o escritor masculino, como lidaram com um cânone dominado por homens e,
finalmente, como se adaptaram às mudanças políticas, sociais e culturais ao
longo do século XX. O estudo centra-se, maioritariamente, na prosa e no teatro,
tendo em conta o facto de Klobucka já ter analisado, em O Formato Mulher (2009), a poesia de autoria feminina do século XX.
Outro trabalho prévio, no qual o presente estudo se apoia, é a crítica da
historiografia literária portuguesa iniciada por Edfeldt, com Uma história na História (2006), onde a
investigadora sueca tinha advertido do perigo de tratar as escritoras como
categoria à parte, o que costumava ter como consequência a sua exclusão do cânone.
Owen e Alonso interiorizaram a recomendação de Edfeldt de analisar as autoras no
contexto das referências escolhidas por elas mesmas, como também desde uma
crítica do androcentrismo da história ‘oficial’ da literatura. Assim, realizam
um excelente e utilíssimo trabalho de síntese do estado da investigação em
relação a algumas das principais escritoras portuguesas do século passado,
colocando e respondendo duas questões centrais: a da abordagem da autoria
feminina nas seis obras escolhidas e a dos seus diálogos intertextuais com os
diferentes antecedentes literários no contexto da falta ou repressão de uma memória
cultural feminina.
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Agustina Bessa-Luís,
estudos de género,
Florbela Espanca,
Hélia Correia,
Irene Lisboa,
Natália Correia
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