História de Portugal


O seguinte quadro é um esboço, em estado de revisão contínua, da evolução histórico-cultural de Portugal. Não se reproduzem todos os acontecimentos notáveis, uma vez que a informação pretende apoiar os programas das cadeiras de estudos lusófonos na Faculdade de Filologia e Tradução da Universidade de Vigo (Literatura Portuguesa e Seminário de Literatura em Língua Portuguesa). As informações sobre os âmbitos peninsular em geral, e galego em especial, são de carácter exclusivamente orientativo. 
Para a história do Brasil consultem http://estudoslusofonos.blogspot.com/p/historia-do-brasil.html.
Abreviações: PI = Península Ibérica
Bibliografia:
Marques, A. H. de Oliveira 1985. História de Portugal. 3 vols. Lisboa: Palas.
Mattoso, José (dir.) 1993ss. História de Portugal. 8 vols. Lisboa: Estampa.
Saraiva, António José 1995. A Cultura em Portugal. Livro I. Lisboa: Gradiva.
---1996. Para a História da Cultura em Portugal. 2 vols. Lisboa: Gradiva.
Serrão, Joel (dir.) 1989. Dicionário da História de Portugal. Porto: Figueirinhas.

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Outros links de interesse:
Dicionário Histórico (Portugal)


Ano(s)
PORTUGAL
PI / Europa / Mundo
Século
VIII a. 0
Sul de Portugal: escrita pré-romana ("do sudoeste") semi-silábica, talvez derivada do alfabeto fenício.

Século
VI a. 0
Mais antiga menção ao povo lusitano (Lusis/Lysis) no périplo escrito por um navegador grego de Massália (Marselha), cf. "Orla Marítima" de Avieno (Séc. IV).

Século
V a. 0
Sécs. V-IV a. 0: Vaga migratória, expedição de Túrdulos e Célticos ao norte do Douro. Realidade cultural de fortes ligações continentais.
Herodoto, Histórias
Século
II a. 0
150 a. 0: Viriato lidera a resistência dos Lusitanos contra o general romano Sérgio Galba; Roma chega a pactuar com ele para depois pagar a três dos seus companheiros que o assassinam traiçoeiramente; o seu funeral revestiu de uma grandeza tal que só pode significar terem os Lusitanos compreendido bem o que tinham perdido.
Séc. V até 2.ª metade do Séc. II a. 0: "Cultura castreja do Noroeste" (cuja origem céltica é questionável; provavelmente tenha a sua origem numa longa continuidade das tradições locais em progressiva transformação, que, num momento dado, tomou contacto com a cultura celta).
Divisão da PI em Hispania Citerior / Hispania Ulterior.
Romanos em guerra contra celtibéricos, lusitanos etc.
Século
I a. 0
No Sul: Zona de poder fragmentado e repartido por diversas cidades (cf. Estrabão).
Lusitanos: Caracterizados por uma prática cultural indoeuropeia e um sincretismo religioso.
PI conquistada pelos romanos
Estrabão, Geographika
Século I
Lusitanos e Túrdulos vivem a norte do Tejo, Célticos entre Tejo e Guadiana (escorraçados pelos Lusitanos para as regiões meridionais e rapidamente aculturados pelas comunidades de cunho mediterrânico).
Tribos de Lusitanos transferidos para sul pelos Romanos.
Galaicos a norte do Douro (segundo Estrabão eram também Lusitanos).
77: Plínio, Historia naturalis
212
Província romana Gallaecia: 2 legiões em León (< legione); comunicação com Bracara Augusta (Braga) e Acquae Flaviae (Chaves); variantes dialectais do latim vulgar dos legionários influenciaram, provavelmente, a evolução do galego-português.
Na Gallaecia nunca se fundaram colónias ou municipia (ao contrário do que aconteceu em Évora, Beja, Lisboa, Alcácer do Sal e Mértola).

Séc. IV

Rúfio Festo Avieno, Orla Marítima
Século
V-VI
Séc. VI: Reino dos Suevos (fortalece a coesão cultural da região).
Reinos suevo e godo: A língua latina divide-se em várias línguas romances.
476: Início da Idade Média; fim do império romano ocidental 
Séculos
VIII-IX
Reinos de Taifa em Portugal, do Sul até ao Douro.
841: Primeira menção da "província portucalense" como parte diferenciada da Galiza num documento leonês de autenticidade duvidosa.
878: Hermenegildo Guterres, que usava o título de conde de Portugal e Tui, povoa Coimbra.
926: Ramiro, governador da província "que tem Coimbra como cidade fronteiriça" (mais tarde chama-se Ramiro II de Asturias; segundo uma lenda, mata o rei mouro de Gaia que lhe tinha roubado a mulher, depois mata também a mulher e casa com uma moura chamada Artiga, cujo filho Albozar chegará a ser um grande conquistador).
987: Conquista de Coimbra por Almançor.
Séc. IX: Junção dos territórios de Portucale e Coimbra.
Ao sul do Tejo: Pequenos principados muçulmanos em estado de guerra permanente; fronteira leste a meio caminho entre a grande estrada romana de Braga ao Algarve e a que corre paralelamente entre Astorga e Sevilha: Portugal e Espanha sempre estiveram distanciados por uma região intermédia semidesértica, no sentido populacional (Saraiva 1995: "O seu isolamento cultural é o preço da sua personalidade").
Século IX: Textos em latim vulgar em Portugal; o latim vulgar diversifica-se devido à descentralização dos sistemas político-feudais e devido ao regresso à economia rural e local; desenvolvimento urbano e comercial; a igreja vê-se forçada de permitir aos seus pregadores a empregar as línguas "coloquiais"; nos lugares de romaria e nos mercados actuam jograis, de cuja arte se derivam as escolas poéticas das cortes.
Contínuas guerras entre cristãos e muçulmanos na Galiza
842: 1.º texto conhecido em romance (acordo jurídico entre Carlos, o Calvo e Ludovico, o Alemão em detrimento da multicultural Lotaríngia)
881: 1.º texto literário em romance (sequência de Eulália)


Século
X
987-1079 / 1111-1122: Nas "Crónicas Coimbrãs", clérigos registaram acontecimentos notáveis na zona; nestes textos as terras entre Minho e Mondego se apresentam como uma região nitidamente distinta com um centro de interesse muito individualizado, deixando entrever que os habitantes sentem já este país como uma pátria distinta, na qual, desde 987, se concentra o interesse dos clérigos-analistas.
1.º documento da historiografia portuguesa que revela a existência de uma "ideia de Portugal" anterior ao Séc. X.
Comunidades unidas por laços ténues e frágeis.
985: Al-Mansur invade Leão, Castela e a Galiza; destrói Coim­bra
Séc. X: 1.º texto em italiano (Placiti, fórmulas de juramento)
Século XI
1064: Gonçalo Trastamires conquista Coimbra, entrega-a ao moçárabe Sesnando que a governa como um príncipe autónomo (nomeia um bispo moçárabe, serviu de medianeiro aos reis de Leão, negociando a rendição de Toledo).
1065-1072: Reino da Galiza
Séc. XI: Um historiador árabe relata que um rei mouro encontrou-se, ao guerrear dois castelos perto de Viseu, com 300 cavaleiros cristãos em situação autónoma, falando muitos deles o árabe.
Há constância de nomes árabes em território cristão e vice-versa.
Zonas de romanização de grau muito diferente: Oposição fundamental entre os povos das terras altas e os do litoral, entre os do Norte e do Sul.
Séc.X: Tendências centralizadoras dentro das novas monarquias consolidam normas linguísticas
1073
Séc. XI: Bailias, lírica popular precursora das cantigas (extendida por toda a Europa), cf. a tradição das cantigas de mulher.
Morte de Almançor inicia o processo irreversível de decadência do estado muçulmano na Península.
Afonso VI de Castela-Leão anexa a Galiza
1072: Prisão do rei García, divisão da Galiza
1091
Raimundo de Borgonha casa-se com D. Urraca, filha de Afonso VI de Leão, e recebe o condado da Galiza como feudo.

1094
Afonso VI concede-lhe a Raimundo também o governo do condado Portucalense (entre Minho e Douro) e mais o de Coimbra, depois de este ter conquistado certa fama e glória ao dirigir uma campanha militar na bacia do Tejo, entrando em Lisboa.
Séc. XI: Kharjas
1096
Henrique de Borgonha, primo de Raimundo, casa-se com D. Tareja de Leão, filha bastarda, porém favorita, de Afonso VI, e recebe como "tenente" o condado Portucalense em forma de feudo à maneira francesa ("iure hereditario" ou "pro sua hereditas"). Função militar do condado na guerra anti-islâmica.
Séc. XII: Recepção da matière de Bretagne na França


1105
Pacto entre Tareja/Henrique e Urraca/Raimundo devido ao medo destes últimos de perder a coroa de Afonso VI. Henrique comprometia-se a apoiar as pretensões de Urraca e Raimundo como herdeiros do trono, em troca do governo hereditário de Toledo e do seu antigo reino de taifa ou a Galiza, se não se lhe pudessem entregar Toledo.
1111: D. Henrique, depois de uma revolta em Coimbra teve de reconhecer-lhe grandes privilégios ao governador Sesnando.
Até à sua morte (1112/1114), Henrique nunca se comprometeu de todo com qualquer dos partidos (Tareja vs. Urraca), preferindo o lado sucessivamente vencedor e mantendo completa liberdade de acção, bem próxima da independência. A guerra externa consolida a coesão do condado.
Séc. X-XI: Política imperialista do arcebispo Diego Gelmírez de Compostela; pretensão de criar um principado eclesiástico; nobres portucalenses transferem fidelidade para Afonso VI e os seus delegados
1100 Guilhem de Peitieu (Aquitânia) 1.º trovador; lírica provençal
1128
Batalha de S. Mamede (Guimarães) na que Afonso Henriques, filho de Tareja e Henrique, derrotou as hostes da sua mãe e do seu favorito galego, o conde Fernando Peres de Trava que pretendiam reunificar os condados da Galiza e de Portugal e ter opções ao trono de Leão e Castela.

1128-1137
Afonso Henriques em constante rebelião contra o seu primo Afonso VII, aspira ao título de rei, apresenta-se como infants ou como princeps, sobretudo depois da batalha de Ourique em 1139.
Saraiva 1995: 29: "As revoltas dos barões portugueses são contemporâneos e paralelas às que ocorreram a leste, no território castelhano, e o processo é o mesmo: trata-se dos guerreiros da fronteira que se revoltam contra a sua própria retaguarda, onde por vezes tomam o poder e da qual tendem a separar-se."
Herculano 1875, I: 242: "[...] o pensamento de desmembração e independência, que é visível, existia já nos ânimos de Henrique e da sua viúva e que veio a realizar-se completamente no tempo de Afonso Henriques, é um pensamento comum ao chefe do estado e aos membros dele, sendo talvez os actos dos príncipes ainda mais o resultado da influência do espírito público do que a manifestação espontânea da própria ambição."
Herculano apresenta Afonso Henriques como instrumento dos barões portugalenses (especialmente dos fidalgos da Maia, descendentes do rei Ramiro, que havia várias gerações estavam ligados ao território de entre Douro e Mondego).
É provável que um movimento regional tenha conferido a Afonso Henriques os atributos de um príncipe dinástico. É o período de montagem de um estado "nacional". Mattoso (1993, I: 57-58): “os reis de Portugal costumavam ser aclamados e coroados liturgicamente, ao contrário de Afonso Henriques, que provavelmente foi apenas aclamado num contexto guerreiro, sem procurar qualquer legitimação sacaral para o seu título.”
Paralelamente dá-se com a poesía trovadoresca o 1.º movimento literário-cultural de amplitude peninsular.
1135: Afonso VII de Leão e Castela faz-se proclamar "imperador"
1143
Acordo de paz: O imperador Afonso VII concede a Afonso Henriques o título de rei, mantendo certas cláusulas.

1160-1165
Guerra com Leão, cujo rei Fernando II é forçado a reconhecer o reino de Portugal e casar-se com Urraca, filha de Afonso Henriques.

1179
Com privilégios e tributos anuais para a igreja, Afonso Henriques "compra" o reconhecimento papal do reino português (bula Manifestis Probatum).
Cartas de garantia aos mouros forros (<> mouros servos).
Marie de France (1155-1189)
1185

Séculos XII-XIII
Grande influência do poder eclesiástico na administração do reino; os reis portugueses consideravam-se vassalos da Santa Sé; até ao séc. XIV os ingressos do rei e do clero eram equivalentes.
Grandes lacunas de população no território português, preenchidas com gente do Norte; migração de galegos e coimbrões ao Sul, até à linha do Tejo.
Começa a documentar-se um contraste, com os estereótipos correspondentes, entre a gente do litoral (supostamente mais ‘macia’, ‘humilde’, ‘paciente’) e a gente do interior - transmontanos, beirões, alentejanos (supostamente mais ‘brusca’, ‘dominadora’, ‘altaneira’).

1208: Fundação da universidade de Palencia
França: Chansons de geste
1208: Guerra contra os Albigenses, considerados heréticos inicia a expansão da lírica trovadoresca pela PI
1211
Notícia de torto”: 1.º texto em prosa conhecido em língua portuguesa


1214
Séc. XIII: Constantes conflictos entre a coroa e o alto clero.

1223
D. Sancho II: Fraca personalidade, faz grandes concessões às ordens religiosas-militares.
1246-47: Guerra Civil, vitória do conde D. Afonso ("curador" do reino), fuga de Sancho II para Castela.
Fundação da Universidade de Salamanca
1224: Universidade de Nápoles
1248/49
D. Afonso III, conquista do Algarve (al-Garb, "o Ocidente") terminada. A pequena extensão do país favorece o fortalecimento da autoridade do rei.
A mudança da administração central para Lisboa tem consequências importantes: Realçou-se o papel político do Sul (que pertencia, sobretudo, ao rei e às ordens religiosas-militares) e aumenta o peso dos seus valores culturais e económicos sobre todo o País.
A delimitação económica, cultural e geográfica é completada.
1252: Afonso X, o Sábio
1253: A sua filha Beatriz casa com D. Afonso
1258: Parlamento na Inglaterra
1279
D. Dinis: "Apogeu" da Idade Média portuguesa:
- Forais, direitos e deveres das cidades, compilados por decreto real para uma cidade específica (» 1280).
- Foros (leis mais explícitas), p.ex. o “Foro de Garvão” (1267), escrito em galego-português, com influências do leonês.
- Decretos reais para todo o reino; eram difíceis de aplicar, porque o rei ainda não goza de poder absoluto.
1267: Afonso X cede ao seu neto português D. Dinis os seus direitos como "senhor" do Algarve
1288
Fundação da Universidade de Lisboa, denominada Studium Generale; português é língua oficial do País; há uma intensa actividade arquitectónica em todo o país; Lisboa converte-se em metrópole internacional.
1282-90: Três Livros de Linhagens, 1. Livro Velho (1282-90),  2. Livro do Deão, 3. Livro de D. Pedro, conde de Barce­los (1340); a classe dominante começa a conceber-se como comunidade "nacional", apesar de as obras genealógicas abrangerem toda a PI.
Noção de pertença a uma colectividade grande começa por minorias capazes de concebê-la intelectualmente (mosteiros Coimbra, clérigos da chanceleria régia, ordens militares), o que se vai propagando a outros grupos.
Finais do séc. XIII: Cancioneiro da Ajuda é compilado na corte de Afonso X; uma cópia será encontrada no séc. XIX e publicado em 1823 por Carolina Michaëlis de Vasconcelos.
1295-97: Guerra entre Castela e Portugal
Afonso X:  Libros del Saber de Astronomia
1297: Eduardo I de Inglaterra confirma a Magna Charta
Século XIV
Mosteiro de Alcobaça é a maior biblioteca medieval portuguesa; também é uma escola de tradução (o ponto de partida da prosa eclesiástica traduzida era o concílio de Tours em 812, que estabeleceu que quem queria ser entendido pelo povo, tinha de falar a sua língua; os pregadores convertiam-se em elemento essencial na transmissão dos conhecimentos).
Fazem-se muitas cópias dos cancioneiros, uma das últimas por D. Pedro, Conde de Barcelos, filho de D.Dinis; no Livro das canti­gas, D. Pedro é o último trovador mencionado (†1354).
Compila-se o Cancioneiro da Biblioteca Nacio­nal (ex-Cancio­neiro Co­locci-Bran­cutti), que contém uma "Arte de Trovar", com influência de poéticas francesas; compila-se o Cancio­neiro da Va­ticana.
1312-50: vitórias consecutivas de Afonso XI na "reconquista", intriga junto do Papa contra Portugal
1312: Ordem dos Templários extinta
1339-1453: Guerra dos 100 Anos (entre França e Inglaterra)
1325
1342: Crónica Portuguesa de Espanha e Portugal, com fontes portuguesas e da qual se conserva um fragmento.
O Infante D. Pedro apaixona-se por uma dama de sua mulher, Inês de Castro (que pertencia a uma poderosoa família galega de terratenentes em Castela). Acusam-no de se ter convertido em joguete nas suas mãos (segundo a versão "oficial" também na de seus parentes castelhanos).
1344: Cronica General de España (compilada na corte de Afonso X)
1321: †Dante
1348-52: Peste negra em toda a Europa
1355
O idoso e orgulhoso Afonso IV ordena o assassínio de Inês de Castro.
1350: Pedro I
1357
D. Pedro I, adorado pelo povo apesar dos seus actos de crueldade e loucura; desenterra, p. ex., o cadáver de Inês e fá-lo coroar como rainha e manda matar os seus assassinos; a partir do século XVI (cf. canto III d’ Os Lusídas de Camões) a história converte-se em matéria literária a nível europeu.
Nacionalização das ordens religiosas-militares.
D. João, filho bastardo de D. Pedroe da senhora galega Teresa Lourenço, é mestre da Ordem de Avis.

1367
D. Fernando, pretensões à coroa castelhana, várias guerras e mudanças de aliados; política desastrada.
1372: Casa com Leonor Teles, odiada por parte da população para a que incarnava os interesses da nobreza latifundiária.
1369-71: Guerra entre Castela e Portugal
1374: †Petrarca
1375: †Bocaccio
1383
†D. Fernando sem herdeiro masculino; Juan I de Ca­stilla (o seu genro por ter casado com a sua filha Beatriz) invade Portugal e cerca Lisboa até que estale a peste; crise literária-cultural como consequência.
As guerras e o Grande Cisma do Ocidente exercem uma tremenda influência em Portugal; há querelas sociais entre nobreza terratenente e burguesia.
Sécs. III-IV: Apogeu da escolástica
1385
Cortes de Coimbra: D. João, Mestre de Avis (filho ilegítimo de ­D. Pedro) proclama-se "Regedor e Defensor do Reino" na presença e com a aprovação de vários aristócratas castelhanos.
Batalha de Aljubarrota: Derrota decisiva de Juan I com a ajuda de archeiros ingleses.

1384-87: Três derrotas militares de D. Juan I
Fins do Séc. XIV: Crise social e económica
1387
D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, que acelera a difusão do romance de cavalaria e a matéria de Bretanha em Portugal; Lisboa é capital.

Século XV
Surge nova classe de senhores feudais (com Nuno Álvares Pereira, o herói da guerra de independência à cabeça). Organizou-se um plano de expansão militar no Norte de África para canalizar as energias da nobreza e conseguir pingues proventos para a burguesia. O estudo do latim eclesiástico e clássico conduz a uma normativação e latinização do português. Reinício da produção literária depois da crise de 1385. Com a conquista da Espanha árabe muitos tratados de navegação começam a ser traduzidos para latim (na escola de Toledo). Geógrafos árabes e fenícios mencionam a costa ocidental de África até ao Cabo da Boa Esperança, partindo das experiências de navegadores árabes. Há terríveis histórias de monstros, perigos e obstáculos (cf. lenda do “Mar Tenebroso”).
Infante D. Henrique: Tradicionalmente visto como ideólogo dos Descobrimentos; militarista e expansionista, muito mais preocupado com Marrocos ("reavê-lo" para a Cristandade) do que com as viagens de descoberta que encarava mais bem como maneira de aumentar património e rendimentos, provavelmente não houve plano estratégico e organizado.
1415-1460: Só um terço das viagens realizadas até a sua morte derivam das suas iniciativas; persiste o ideal de cruzada, o messianismo e a cobiça de lucro.
Neste século irrompe com força a ‘história’ enquanto género científico e literario (Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara).
Amadís de Gaula
Bosco Deleytoso
1404: Crónica Galego-Portuguesa, fontes de 1344
Quattrocento em Itália, Renascimento, Humanismo (humani­tas de Cicero: o humano como uma cultura ou estrutura moral)
Ideal da realização de capacidades morais e estéticas do indivíduo
Questionamento da escolástica
1411
1411: Castela reconhece a independência portuguesa.
1415-33: Livro da Montaria de D. João I, tratado didáctico sobre a caça.
A corte transforma-se em centro cultural.
1415: Conquista de Ceuta, início das conquistas ultramarinas.
1418: Bula papal que aconselha o clero português a pregar a cruzada.
Leme central, bússola e portulanos possibilitam o início das descobertas
1414: Henry V, Azincourt
Fim do Cisma da Igreja
1418-32
1418: Fernão Lopes (1380-1460?) guarda-mor da Torre do Tombo. D. Duarte encomenda ao arquivista a história "verdadeira" da época e feitos de seu pai, D. João I (cf. Crónica de D. João I). Lopes combina o louvor aos vencedores com um relato franco dos acontecimentos que revoluciona a historiografia, antecipando métodos modernos e científicos.
1418: A Virtuosa Benfeitoria, de D. Duarte e Frei João da Verba, teoria política-social-económica-religiosa do feudalismo que estava em crise, influência escolástica.
1419/20: Duas expedições à Madeira, começo da expansão ultramarina.
1428: Jeanne d'Arc, Orléans
1431: 1.ª Guerra "Irmandiña"
1433-37
1433: D. Duarte
Gil Eanes chega ao Cabo Bojador.
1437: Fracassa uma expedição que ataca Tânger, infante D. Fernando é cativado.

1437-38
Leal Conselheiro de D. Duarte, normas para a vida da aristocracia, educação moral (103 caps.), pensamentos sobre astrologia, ciência, medicina, arquitectura, administração do estado, introspecção: "auto-análise psicológica", tentativa de distinção das diferentes formas da tristeza, 1.ª análise da "saudade"; o rei sofreu provavelmente de neurastenia, descreveu o seu mal.
Ensinança de bem cavalgar toda sela, de D. Duarte, sobre a educação do cavaleiro.
1445: Cancionero de Baena, Jorge Manrique, Marqués de Santillana
Castela: Partido feudal, hostil a D. Isabel, oferece a coroa ao monarca português
1438-58
1438: D. Afonso V, ascende ao trono com seis anos de idade, querelas feudais.
1446: Nuno Tristão chega à Guinea, início do comércio do ouro.
1456: Portugueses chegam às ilhas de Cabo Verde.
Fortalecimento das casas nobres em detrimento da Coroa (ponto de vista feudal típico, primus inter pares).
Política sistemática de conquistas em Marrocos (1458: conquista de Alcácer Ceguer, cf. "Algarves").
1466-1469: Levantamento "irmandiño"
1453: Queda de Constantinopla
1481-85
1481: D. João II, típico soberano do Renascimento, restringiu os privilégios da nobreza feudal, suprimindo duas conspirações com mão-de-ferro. Centralização e alargamento do património da Coroa através do confisco de propriedades dos senhores feudais.
1482-85: Expedições de Diogo Cão na África ocidental.
1478: O Papa Sixto IV permite a Inquisição em Espanha
1488-92
1488: Bartolomeu Dias chega ao Cabo da Boa Esperança; Pêro da Covilhã chega à Índia por via terrestre.
1489: Início da imprensa em língua portuguesa.
1491: O herdeiro D. Afonso morre num acidente de cavalo.
1492: Mais de 50 000 Judeus entram em Portugal (só 600 famílias conseguiram comprar licenças de residência permanente), grande impacte, termina a coexistência relativamente pacífica entre Cristãos e Judeus.
1483: Execução do marechal Pardo de Cela, enfrentado contra os reis católicos
1494
Tratado de Tordesilhas (divisão do mundo entre Portugal e Espanha, não a respeitaram os outros potentados cristãos), impediu a guerra entre Portugal e Espanha, desembaraçou o caminho da Índia para Portugal.
1492: Conquista de Granada e expulsão dos Judeus
Colombo chega à América
1495-96
Início do estilo manuelino na arquitectura; promoção dos estudos no estrangeiro; continua o sonho da unificação com Castela; tece-se rede de casamentos. Boa administração e rehabilitação do prestígio da nobreza.
1496: Expulsão teórica dos judeus e dos muçulmanos no meio de violência, roubo e confusão, início de um grande problema social e religioso. Convite indirecto à conversão generalizada (cf. cristãos-novos).

1498
Vasco da Gama chega à Índia, grandes lucros e prestígios para a Coroa.
Colombo chega à Venezuela
Século
XVI

Evolução da língua portuguesa moderna praticamente terminada.
Conceito "Espanha" denomina ainda (p.ex. em João de Barros e Camões) o conjunto da Península Ibérica (até ao Séc. XVIII). Classicismo, latinização do português (cf. Du Bellay: "Défense et illustration de Langue Fracaise" de 1549). Com D. Manuel e D. João III dá-se uma renovação da escolástica, uma intensificação da cultura literária e aumenta o número de eruditos. Porém, há uma falta de sistematização dos métodos empíricos do humanismo e da sua aplicação às diversas disciplinas. Censura: Cada livro precisava de 3 licenças (do Santo Ofício, do ordinário da respectiva diocese e da corte). Os Jesuítas dominam a educação escolar e académica. A aristocracia e a classe média-alta são bilingues (2.ª ed. do D. Quixote em Lisboa). Há cerca de 800 estudantes portugueses em Salamanca e a nata do Humanismo português prepara-se em Paris (com 50 bolsas de estudo em 1527 para o Colégio de Santa Bárbara). Dá-se uma importação maciça de escolares estrangeiros que preparam as futuras elites. Intensificação dos laços dinásticos entre Portugal e Castela.
Desde meados do século: Portugal depende economicamente da produção argentífera espanhola para financiar o tráfico com a Índia e o Extremo Oriente que absorvia grandes quantidades de prata. Sonho da União Ibérica: Portugal e Castela têm inimigos comuns (pirataria exigia acções combinadas); existe uma interdependência económica (Portugal necessitava trigo de Castela); há acções conjuntas contra mouros e turcos; na cultura observa-se um processo de castelhanização de Portugal (bilinguismo: castelhano é o idioma em moda); o florescimento da cultura portuguesa no Séc. XVI tinha de competir com o embate ainda mais vigoroso do "Século de Ouro" espanhol (a própria França mostrava-se culturalmente influenciada pela Espanha).
Literatura:
1460-1536?: Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno (1518).
1481?-1558: Sá de Miranda, viagens à Itália (1521 e 1526), introduz o soneto, a elegia o "dolce stil nuovo".
1497-1570: João de Barros, humanista.
1502-1572: Damião de Góis, humanista, cosmopolita, cronista que aspira a uma presentação objectiva dos factos, guarda-mor da Torre do Tombo, contactos com muitas personalidades importantes (Erasmo, Dürer, Lutero), perseguido pela inquisição.
1514-1583: Fernão Mendes Pinto, muitas viagens, Peregrinação, estilo crítico-ficcional, imediatamente traduzido, edição port. em 1614.
1524/25?-1580: Luís de Camões, fidalgo pobre com estudos em Coimbra que vai em 1553 à Índia; na sua lírica combina a "medida velha" com o "dolce stil nuovo"; chega a representar a experiencia de toda uma civilização em forma literária com Os Lusíadas (1572).
Grande expansão territorial;
"século de ouro"
Crescentes ataques franceses às possessões atlânticas portuguesas, sobretudo a guerra de corso contra o Brasil
1502-20: apogeu do reino dos Aztecas (Montezuma)
1508-12: Miguel Ângelo
Início do poder naval da Inglaterra

1500
Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil.
D. Manuel I é o mais rico monarca da Cristandade, vitórias por todas as partes, controlo do oceano Índico.
1504: tumultos devido ao descontentamento contra os Cristãos-novos entre as classes inferiores e o baixo clero.
1506: pogrom em Lisboa causa a morte a 2000 ex-judeus (acontecimento que se repetia durante várias décadas).
1513/14: Portugueses chegam à China.
1515-47: Collège de France, Bibliothèque Nationale e Louvre na França
1516
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1470-1536) com 760 poesias. Dos aproximadamente 300 poetas representados nesta obra, 17 são mulheres da corte, sendo Dona Filipa de Almada a mais prominente. Exemplo da substituição da estética medieval pela do Renascimento (baseado no Cancionero General de Hernández del Castillo de 1511) com complicados sistemas métricos. A "arte poética" da época reside na delicadeza formal, com pouca variação temática. Contém poesias de Gil Vicente, Bernardim Ri­beiro, Sá de Miranda entre outros.
1516: Carlos V (casado com Isabel, filha de Manuel I)
1517: 95 teses de Lutero
1519: Hernán Cortez em México
1519: †Leonardo da Vinci
1518
A rainha D. Leonor (1458-1525) promove a publicação do Espelho de Cristina (1518), a versão portuguesa do Livre des Trois Vertues de Christine de Pizan (1365-1430). Já a predecessora de D. Leonor, a rainha Isabel (que morreu em 1455), tinha encarregado a tradução deste livro.

1519-21
Fernão de Magalhães dá a volta ao mundo.
1525: Universidade de Santiago
Lutero excomunicado
1525

D. João III (casado com Catarina, irmã de Carlos V), dois períodos:
1. o "príncipe tolerante", grande mecenas, promociona estudos humanísticos na Itália e em Paris, reforma da universidade em Portugal,
2. (a partir de 1540, perdeu 9 filhos) o governante fanático e curto de vista nas mãos dos Jesuitas e da Contra-Reforma, prende os humanistas que antes convidara, fecha escolas, e isola ao País de influências externas.
Abandona os sonhos de controlar Marrocos.
1527: Erasmo dedica Chrysostomi Lucubrationes. a D. João III
†Machiavelli
1531-34: Pizarro aniquila o império dos Incas
1536

1.ª gramática portuguesa de Fernão de Oliveira.
1536/1547: Introdução da inquisição em Portugal (‘comprada’ ao Papado para a melhor centralização do poder régio), index de livros proibidos.
1529: Turcos cercam Viena
1542: Bartolomé de las Casas
1543
Francisco Xavier chega ao Japão.
1552: Príncipe D. João casa com Joana (irmã de Filipe II).
1553: Erasmo convidado pelo rei a ensinar em Portugal.
1554: Nasce D. Sebastião.
1534: Fundação da ordem dos Jesuítas
1556: Carlos V abandona o trono; Felipe II
1554

1557
Cardeal-Infante e Inquisidor-Geral D. Henrique aplica as decisões do Concílio de Trento, perseguição dos erasmistas (André de Resende, Damião de Góis, Diogo de Teive e outros).
Falece D. João III, governo de D. Catarina ( até 1562) e de D. Henrique (até 1568).
1559: Fundação da Universidade de Évora, com a qual aumenta a influência dos jesuítas que pretendiam controlar a educação tanto quanto possível (com a oposição da Universidade de Coimbra).
1555: Funda-se uma diocese em Etiópia; a partir de agora (até 1660) o missionarismo compensa a estagnação das conquistas militares. A expansão religiosa começa a representar uma segunda fase na história do império (Portugal possuía o monopólio da organização e expansão religiosas na África e na Ásia).
A maioria das conversões não afecta crenças tradicionais, uma vez que representam, simplesmente, uma maneira de reagir contra uma ordem social ou política. A civilização ocidental é, em muitos aspectos, inferior à chinesa, japonesa ou índia e a religião cristã era bastante intolerante, com atitudes de violência, interferindo nas crenças mais caras e nas tradições mais profundas dos povos asiáticos.
1558: Isabel I de Inglaterra
1563:Rebelião dos holandeses contra ocupação espanhola
1560
Luísa Sigea (1531-1560), cujo extenso poema "Sintra", em latim, é tido como fonte de inspiração para Almeida Garrett e, até, para Lord Byron. Luísa Sigea parece ter estudado não só latim e grego, mas também hebraico, siríaco e aramaico. Data deste tempo também o doutoramento, com dezassete anos, da menina-prodígio Públia Hortênsia de Castro.

1568
D. Sebastião, rei com 15 anos de idade. Tanto física como mentalmente é um doente; abominava a ideia de casar; teve sonhos grandilocuentes de conquista e de expansão da fé. Terá um reinado caracterizado de poucas reformas, com um fortalecimento da inquisição e muitas actividades eclesiásticas.
1562: †Copérnico
1571: Lepanto
1572
Luís de Camões publica Os Lusíadas.

1578
D. Sebastião desembarca em Marrocos com um exército fraco e em mau estado. Batalha perto de El-Kasr-el-Kebir (Alcácer Quibir) contra o exército do sultão Mulay´Abd al-Malik, morre e desaparece D. Sebastião com a nata da aristocracia portuguesa (uns 7000).
Cardeal-Rei D. Henrique governa Portugal.
Pedro Nunes, matemático e cosmógrafo que descobriu a "linha de rumo" na navegação.
1570-1578: Fernão Mendes Pinto escreve a Peregrinação.
1576: †Ticiano.
1580
Cardeal-Rei D. Henrique assume a regência.
A geração de filólogos, gramáticos e historiógrafos anti-escolásticos está eliminada (e com eles o humanismo em Portugal).
1577-80: Sir Francis Drake Drake dá a volta ao mundo e, em1583, saqueia Vigo.
1581
Felipe II invade Portugal, pressiona para que as Cortes de Tomar o reconheçam. União de Portugal e Espanha; a corte portuguesa (o maior estímulo literário) muda-se para Espanha.
1588: Derrota da "Invencível Armada".
1589: Drake saqueia A Corunha, Peniche e ataca Lisboa.
Administração interna ficou inteiramente em mãos portuguesas, política externa passava a ser comum a Portugal e Espanha, o império ultramarino continuava a ser governado exclusivamente por portugueses e a língua oficial permanecia o português. Reformas internas inspiradas nos modelos espanhóis.
1582: Apogeo da missão dos Jesuítas na China
1587: Execução de Maria Stuart
1598
Felipe III (fraco de espírito e desinteressado nos negócios do estado).
1599-1600: Peste em Espanha; diminui a população ao mesmo tempo que se reduz o ouro das colónias; começa um ciclo de decadência económico-política.
1613: † El Greco. 1616: †Cervantes.
1616: †Shakespeare
Século XVII


Espanha:
Ouro das colónias ia directamente a prestamistas estrangeiros. Sociedade paralisada na homogeneidade religiosa (cf. casticismo). Excesso de aristocratas, fidalgos e clero. Racismo e antisemitismo na literatura (cf. Lope de Vega, Tirso de Molina). Progresso científico rejeitado (cf. Quevedo, construção naval antiquada). Apogeu da inquisição (elogios de Lope de Vega). Tendências messiânicas (Fray Francisco Enríquez: "batallas en que hoy está empeñada España son propiamente de Dios"; cf. Portugal). Irracionalismo e contradições do sistema imperial: apogeu da cultura vs. miséria económica. poder militar vs. estagnação tecnológica; riqueza em ouro e prata vs. dívidas com prestamistas estrangeiros; ser vs. parecer (Gracián: ser = parecer; Calderón: "engaño" => "desengaño"). Inovação do romance: Cervantes, Don Quijote (1605-15).
Holanda: Centro do capitalismo internacional;
refúgio dos judeus peninsulares, dissidentes ingleses, huguenotes franceses. Giordano Bruno, Descartes, Galileo editam lá as suas obras. Bento de Espinosa, judeu de origem port. critica a autoridade das Escrituras Sacras e da monarquia.
Arte: Escola holandesa.
Classicismo francês (Corneille, Racine).
Século XVII

Portugal:
Castelhanização cultural, autores e artistas com residência em Madrid ou Valladolid, aceitavam padrões espanhóis e escreviam cada vez mais em castelhano; espanhol como "língua nobre". Élite culta de ambos países concebe o Português como rústico e reles. Ideia da decadência desde 1580 é errónea, dada a contribuição massiva à riqueza do teatro, da música ou da arte pictórica espanhola. Falta de uma corte régia prejudicou a expansão cultural dentro do país. Maioria das obras literárias impressas em Portugal em língua castelhana (cf. D. Francisco Manuel de Melo, 1608-1666, 14 obras em castelhano, 12 em português). Os três Filipes e os seus governadores levaram numerosas obras de arte e de literatura. Ameaça da perda de individualidade cultural resulta em reacções diversas a favor da língua e da sua expressão literária: cf. Francisco Rodrigues Lobo (1579-1622). Frei Luís de Sousa (1555-1632), cavaleiro da Ordem de Malta, prisoneiro dos mouros na Algéria, regressa em 1578, retira-se a um mosteiro, destacado prosador. Portugal perde a maioria da possessões que lhe restavam no oceano Índico. Holandeses tomam, temporariamente, a Angola; guerras de defesa contra Espanha. Burguesia lisboeta começa a ocupar posições dominantes na cultura, ainda que perseguida e dizimada, a pretexto de judaísmo, pela Inquisição e pelas leis de "limpeza de sangue". Formação de grandes companhias. Para contactos internacionais na Ásia, o português tornou-se até ao Séc. XVIII a "língua franca" do comércio a distância (palavras ports. sobrevivem ainda em muitos dialectos locais). Surto da literatura de viagens (cartas descrevendo itinerários, relatórios, diários, crónicas de tipo histórico), cf. Diogo do Couto (1542-1616) e Manuel de Faria e Sousa (1590-1649).

1600-11
Medidas impopulares: Nomeação de ministros espanhóis (violação dos caps. de 1581), aumento dos impostos.
União mais íntima entre igreja e estado: regência geralmente confiada ao clero. Difusão do Sebastianismo.
1614: 1ª edição da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto.
1618-48: Guerra dos Trinta Anos.
1621
Felipe IV; 1609: expulsão dos mouriscos de Espanha; crise do imperialismo espanhol; inadaptação espanhola ao capitalismo; dívidas enormoes das empresas imperiales, pirámide parasitária.
1613/14: Góngora, Soledades.
1622/24: Holandeses atacam Malaca e Brasil (Holandeses e Ingleses começaram um ataque sistemático aos centros vitais do império).
Holandeses e Ingleses apoiam as reacções das sociedades do Extremo Oriente contra o missionarismo católico.
1635: Tratado de paz com a Inglaterra.
1620: "Mayflower".
1637/38: Revolta no Japão contra a irreverência das missões; expulsão dos portugueses.
1637
Revoltas em Évora e no Algarve. Para as massas populares os espanhóis eram inimigos, sentiram-se traídos e abandonados pelas classes dirigentes desde 1580; piora a situação económica. Existia um certo sentimento de nacionalidade.
"Eram movimentos sem forma, nem cabeça, tumultuários, embora de violência extrema. As razões da sua eclosão eram normalmente aqueles que afectam os grupos mais pobres da população: a crise de abastecimento, a agravamento dos impostos sobre bens de consumo (como os "reais-d´água" sobre a carne, o vinho, nas revoltas de 1637) ou apenas boatos da sua iminência; em suma, aquilo que os pobres sentiam, nas suas necessidades mais básicas, como um sintoma do mau governo. Os seus chefes não existiam ou cobriam-se sob nomes míticos (como o "Manuelinho", da revolta de Évora). A sua táctica era informe, embora pontilhada de modelos comportamentais e de rituais típicos [...]. O seu projecto era a emenda do "mau governo", normalmente diagnosticado apenas ao nível mais imediato dos responsáveis polñiticos locais, pois i rei continua a ser sede da justiça [... ]. Tal como irrompia, a revolta desfazia-se também subitamente, perante uma procissão com a hóstia, ou uma relíquia alçadas, ou com a saída em forma dos notáveis locais, decorados com os seus símbolos de autoridade, E, se não, pelo simples esgotamento, pois, salvo instrumentalização por outros grupos mais capazes de arquitectarem um projecto político de curso mais longo, o povo miúdo não tinha horizontes políticos que excedessem o viver quotidiano." (António Manuel Hespanha, "A resistência aos poderes", in História de Portugal, dir. de José Mattoso, vol. IV, 451s).
"Mas o decénio de 630 é a baixa-mar - estamos nos tempos de dificuldade. [...]  Por toda a Europa Ocidental estamos em conjuntura de miséria das massas populares e de motins da arraia-miúda [...] A imposição fiscal é que os desencadeia frequentemente. [...] Mas o grande motor da Restauração vão ser as 'alterações' de Évora de 1623 a 1637 inclusive [...] - e contra a opressão fiscal a que a crise do Império forçava o Estado" (Vitorino Magalhães Godinho, "1580 e a Restauração",  in Ensaios II, Lisboa 1968, 273ss).
1622: Recuperação do voto galego nas cortes.
1639: Quevedo entrega-se à inquisição.
1642: †Galileo Galilei.
1-XII-1640
Restauração: D. João IV (antes duque de Bragança); apenas Ceuta permaneceu fiel à Espanha.
Agentes secretos franceses incitaram a tendências revolucionárias de um grupo heterogéneo de nobres e clérigos. Justificação: Invenção dumas actas das chamadas cortes de Lamego (1143) que excluía as mulheres que não tivessem casado com nobres portugueses do direito de sucessão (Filipe II automaticamente excluído); solução que roubava ao povo a importância (não se precisavam cortes); aristocracia em controle firme da situação. Nobreza e clero se achavam divididos.
1642: Pe. António Vieira, predicador na corte.
Revolta nacionalista na Catalunha favorece a restauração portuguesa.
1643: Louis XIV.
1644

Batalha de Montijo; 1659: Batalha de Linhas de Elvas; Monção capturado.
1654: Expulsão dos holandeses do Brasil; Angola e São Tomé recobrados.
Resultado dos 60 anos de ocupação espanhola: Perda de quase toda a marinha; desparecimento do comércio asiático; empobrecimento que tornou Portugal necessitado dos produtos da colónia americana.
Tratado de paz com a Inglaterra (superioridade naval); Portugal tem de abrir o império ao tráfico inglês.
1644: 1.ª ed. das Trovas de Gonçalo Annes, o Bandarra. Pregadores, celebrando a aclamação de D. João IV, afirmam do alto dos púlpitos que são realmente profecias, ditadas por um profeta verdadeiro. A sua citação torna-se obrigatória em todos os livros que defendiam a independência nacional (livros que a inquisição aprovava sem reticências).
1655: D. Francisco Manuel de Melo, Auto do Fidalgo Aprendiz (1651: Carta de Guia de Casados).
Inicia-se um período de abundante literatura justificativa e legitimadora da Restauração.
1650: † Descartes
1654
Assinatura do Tratado de Westminster de paz e aliança entre Portugal e a Inglaterra. Abre o Império português ao livre comércio inglês e concede outros privilégios aos súbditos britânicos residentes em Portugal. Por força das circunstâncias, Portugal tem de inclinar-se perante este diktat e é arrastado, política e economicamente, para o âmbito de influência da Grã-Bretanha.

1662
D. Afonso VI (inculto, semi-paralítico, correrias nocturnas), regência da rainha-mãe D. Luísa de Gusmão (situação que favorecia os nobres).
Subservência dos interesses nacionais aos das outras potências a fim de conseguir paz e alianças.
Grandes ofensivas espanholas.
1660: Restauração inglesa.
1665: Carlos II.
1667
1667: Golpe de estado; rei aprisionado; D. Pedro, príncipe regente.
1665-67: Vieira processado pela Inquisição pelo livro Esper­anças de Portugal, no qual interpretava as Trovas do Bandarra e textos bíblicos como profecias da resurreição de D. João IV como futuro imperador do Quinto Império, o Judeu-Cristão.
1665: Inquisição proíbe as Trovas do Bandarra.
1668: 1.ª manufactura na Galiza (Sada).
1673: †Molière.
1668
Tratado de paz com Espanha reconhece a independência plena de Portugal.
1669-76: Vieira predica em Roma, junto da exilada rainha Cristina da Suécia, protectora de Descartes (1675: Papa Clemente X rehabilita-o, liberando-o para sempre da Inquisição).
1674: †Milton.
1676: *Feijoo
1683

D. Pedro II, casa em segundas núpcias com uma princesa austríaca, Maria Sofia de Neuburg (1683); propósito de moderar a "excessiva" influência da França em Portugal. Começa um longo período de estabilidade política, que se concluiria apenas com as invasões francesas nos começos do século XIX (continuidade régia e secretarial); permitiu reformas, mas favoreceu também o conservantismo e a rotina. Crise cultural; o barroco segue os paradigmas espanhóis; cf. "reino cadaveroso" (Ribeiro Sanches, cf. também, António Sérgio 1971-74). Dogmatismo da contra-reforma impregna completamente  a produção e a manipulação ideológica da cultura "oficial". Contra-cultura e crítica social em Arte de Furtar (anon.) e em Tomás Pinto Brandão: Este é o Bom Governo de Portugal.
Desde 1620: Surgem as Academias como fenómeno colectivo de participação cultural. Cerca de meia centena, criadas em todo Portugal e Brasil (culto das letras, especializadas em ciências, temas religiosos). Socialmente, houve-as ligadas a nobres, clérigos, estudantes e mesmo a burgueses.
1683: Turcos cercam Viena.
1695: *Sarmiento.
1700: Guerra da sucessão de Espanha.
Século XVIII

Iluminismo/Luzes: Substituição da influência espanhola pelas influências francesa, inglesa, italiana, alemã;
Barroco como expressão cultural do absolutismo. Grandes cuidados na renovação das artes plásticas, rítmicas e cénicas.
Oliveira Marques: "A partir do século XVIII, Portugal deu-se conta de que o seu lugar entre as nações civilizadas do globo e a sua individualidade como nação europeia dependiam da sua reacção contra a Espanha. Pela primeira vez na História, e apesar de todas as lutas e afirmações culturais do passado, a unidade espiritual da Península Ibérica foi rompida, e com ela a possibilidade de uma união política viável. O fosso entre os dois estados ibéricos fora cavado para sempre. Portugal começou a odiar e a desprezar a Espanha como um obstáculo situado entre ele e o resto da Europa, qualquer coisa a obstruir o caminho, a impedi-lo de comunicar facilmente com a França e com os demais países. Gradualmente, Portugal foi-se tornando menos ibérico e mais europeu. E a frustração portuguesa de isolamento e de distância acentuou-se também então." (História de Portugal, vol. II, 327)
A mineração brasileira permite a sobrevivência económica.
Pouca produção literária inovadora; teatro e ópera muito populares, início do jornalismo. 
"Estrangeirados": Aqueles que criticavam o sistema educativo antiquado e que pretendiam introduzir inovações;
Filinto Elísio (1734-1819); Bocage (1765-1805, precursor do Romantismo); Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna (1750-1839); Teresa Margarida da Silva e Orta: Aventuras de Diófanes, 1752.
3 gerações de intelectuais ilustrados na Galiza.

França, finais Séc. XVII: Querelle des anciens e des modernes.
1706
1703: Tratado de Methuen com a Inglaterra (-> ouro brasileiro começa a enriquecer a Inglaterra, ruína das manufacturas locais).
D. João V, "o magnânimo", 1706-1750: boa diplomacia; Portugal é respeitado na Europa; independência política paga-se com uma crescente dependência económica do Reino Unido. Estreita relação entre igreja e estado, grandes privilégios do clero; tentativa de imitar Louis XIV e a corte francesa; grande número de bastardos régios. Retrocede a influência do clero entre os eruditos. Inquisição actua como estado dentro do estado: entre 1684 e 1747 condenaram-se 4672 pessoas e 146 foram queimadas, entre 1750 e 1759 houve 1107 condenações e 18 queimados. Aumenta a dependência comercial da Inglaterra.
1685: *J. S. Bach.
1700: Filipe V
1702: Batalha de Rande.

1709
Pe. Bartolomeu de Gusmão inventa un aparato voador que experimenta com êxito primeiro dentro e depois fora do palácio;
1715: 1.º periódico com continuidade, Gazeta de Lisboa;
1716-28: A Fénix Renascida;
1712-1728: Pe. Rafael Bluteau, Vocabulario Portuguez e Latino (primeiro dicionário desenvolvido da língua portuguesa).
1715: Louis XV.
1719: Guerra franco-espanhola.
1746
Luís António Verney: Verdadeiro Método de Estudar, fornecerá, mais tarde, ao Marquês de Pombal os princípios básicos para as reformas educativas.
1726: Estaleiros em O Ferrol.
1740: Frederico II
1750
D. José I, radicalização do absolutismo, despotismo, censura; Marquês de Pombal.

1741: †Vivaldi
1-XI-1755
Terremoto em Lisboa, começa a reconstrução da cidade a partir de um plano rigidamente geométrico e "esclarecido" pelo Marquês de Pombal.
1751-72: d´Alembert / Diderot, Enciclopédie Française.
1757
Arcádia Lusitana
1756-63: Guerra dos Sete Anos  
1759
Jesuítas desterrados;
1761-1762: Eccos que o Clarim dá: Postilhão de Apolo.
Carlos III.
1769: J. Watt, máquina de vapor.
1770
Ensino do português nas escolas secundárias.
1772: Reforma da universidade.
1776: EUA  independência.
1777
1775: Marquês de Pombal intenta ressureição de uma política proteccionista. Denuncia que os ingleses haviam conquistado Portugal sem os inconvenientes de uma conquista: Inglaterra abastecia, neste momento, duas terças partes das necessidades de Portugal e os agentes britânicos eram donos da totalidade do comércio português. Portugal não produzia praticamente nada. A riqueza do ouro era tão fictícia que até os escravos negros que trabalhavam nas minas da colónia eram vestidos pelos ingleses.
D. Maria I; Pombal dimite († 1782)
1791: Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), Rimas.
1778: †Rousseau.
1788: Carlos IV.
1789: Revolução Francesa.
1790: Rebelião contra a "Única" na Galiza.
1799: Napoleão Bonaparte, cônsul.
Século
XIX
Fim do "Antigo Regime" e do seu despotismo absoluto e medíocre:
Humilhações no campo da política externa; revoltas. Florescimento do comércio, da indústria, da ciência, das letras e das artes. Relativo equilíbrio social com a burguesia em fase de expansão. Polícia persegue qualquer sintoma de maçonaria e liberalismo. Influências inglesas, espanholas e francesas (cf. princesa Carlota Joaquina, espanhola, mulher do regente D. João VI); Queluz = Versailles português. Governo: Indecisão, medo, caprichos, pressões de favoritos, etc.
Portugal após as invasões (1808-1821):
Situação económica e cultural miserável: País passou a ser, quer um protectorado inglês (general William Beresford praticamente governa até 1820), quer uma colónia brasileira. D. João VI não manifesta desejos de voltar a Portugal, Brasil constitui (dos finais do Séc. XVII a 1822) o elemento basilar do Império Português;
Perseguição a todos os liberais; Lutas entre Liberais e Absolutistas.
Revolução de Setembro (1820):
Reforma da universidade e da instrução primária; Organização dos Conservatórios de Artes e Ofícios, do Conservatório de Arte Dramática, restauração do teatro português e das Academias de Belas-Artes. Instituição dos liceus; extinção do ensino ministrado pelas ordens religiosas.
Liberalismo:
Liberais defendiam constituição política estabelecida sobre bases populares,  limitação severa às prerrogativas do rei; liberdade de religião, de imprensa e de palavra, liberdade de comércio e de indústria e outras doutrinas "subversivas", opostas aos princípios do Despotismo Esclarecido. Liberalismo entrou pela dupla via das influências francesa e inglesa. Difusão do Liberalismo: Maçonaria assumiu um papel de relevo (1812: 13 lojas); o "Sinédrio" (associação decreta de pedreiros-livres no Porto) contribuiu de maneira decisiva para a revolução de 1820.
Iberismo:
Até à década de Cinquenta, a Inglaterra, a França, a Áustria e a Espanha controlaram Portugal. Inglaterra figurava como principal "protector", devido às motivações económicas, impedindo uma possível arremetida espanhola com vista à sempre sonhada União Ibérica (= remédio para o atraso dos estados ibéricos e como utopia de uma nova era de grandeza para os "Hispânicos"; cf. impacte da unificação da Itália 1859-61, e da Alemanha - 1871).
Últimas décadas:
Surto de uma classe média de pequenos e médios burgueses que se sentia oprimida pela grande burguesia e a aristocracia dirigentes; sedimento de base do republicanismo militante e grande força de ataque ao rei e à Igreja.
Cultura:
2.º grande surto cultural depois do século de quinhentos devido à abertura do país, à abolição da censura e do estímulo da livre discussão a todos os níveis e sobre todos os assuntos. Grandes escritores revelam-se em revistas ou com novelas de folhetim. Voga da conferencia e dos clubes culturais; desenvolvimento da retórica política, de técnicas de discurso e de bem falar. Assentamento das vias férreas aproximou Lisboa e o Porto dos grandes centros da cultura como nunca dantes (desde 1856). França é o modelo cultural; importação crescente de livros e de revistas. Aristocratas e burgueses ricos exigem que os filhos aprendam linguas estrangeiras.  Construção do Teatro Nacional D. Maria II por iniciativa de Garrett. Começos do século XX: Grande panorama jornalístico e livresco.
1762: James McPherson, Fingal - An ancient epic poem by Ossian (translated from the Gaelic language), até 1895 acredita-se na originalidade desta suposta epopeia escocesa, texto que desencadeia o romantismo literário.
1814-1833: Reinado brutal e medíocre de Fernando VII.
1833-1875: Guerras carlistas.
1875-1917: Fim da guerra carlista e restauração (Cánovas, Sagasta).

Galiza:
1840-1885: Provincialismo.
1885-1915: Regionalismo.
1916: Nacionalismo.
1801
Aliança entre a Espanha e a França contra Portugal ("guerra das laranjas"); invasão e perda de Olivença (restituída pelo congresso de Viena, 1814-15, facto que a Espanha se recusou a aceitar).
1800: Catón compostelano, 1.º jornal galego.
1804: †Kant.
1807
Bloqueio continental de Napoleão, ultimatum ao governo de D. João VI. Invasão francesa por Junot, rei refugia-se no Brasil;
1808: Rio de Janeiro nova capital do reino;
50000 soldados franceses e espanhóis confiscam, pilham, roubam, matam e prendem a seu bel prazer; rganiza-se imediatamente a guerrilha popular; Lord Wellington desembarca na Galiza e entra em Portugal; Franceses desembarcam com destino a França levando consigo parte da pilhagem;
1808: mudança para o Brasil da família real; embora D. João conservasse coroa e títulos, tinha cedido a sua independência e liberdade de acção:
- uma divisão naval inglesa tornou-se guarda permanente da família real e
- na Europa, a luta contra os franceses foi dirigida pelos ingleses; um general inglês foi nomeado comandante supremo do Exército português e governador do reino, após a expulsão dos invasores.
1809: 2.ª invasão francesa sob o comando de Soult;
1810: 3.ª invasão francesa por Masséna derrotado em 1811;
Perseguição violenta dos "afrancesados" (ser patriota significava ser antiliberal).
A partir de 1814: salão da marquesa de Alorna (a "Mme. de Staël de Portugal", centro do pré-romantismo).
1808: Constituição da Xunta Suprema de Galicia.
1810: Independência de Venezuela.
1812: Constituição espanhola.
1814:
Fernando VII.
1815: Revolta liberal em Espanha.
1805: Batalha de Austerlitz.
1809-1811: A. W. Schlegel, "Conferências sobre arte dramática e literatura".
1813: Mme. de Staël, De l'Allemagne.
1815: Waterloo.
1817
Execução do tenente-general Gomes Freire de Andrade por presunta conspiração contra o marechal Beresford;
Surto de uma consciência liberal entre o exército e a burocracia.
1818: *Karl Marx.
24-VIII-1820
Revolução com início no Porto, eleições para as Cortes (um dos objectivos: trazer de novo o Brasil à condição de colónia);
1821: D. João VI chega a Lisboa, jura as bases da futura Constituição.
1819: Lord Byron, Don Juan.
1822
Independência do Brasil (D. Pedro II, imperador); partido liberal isolado em Portugal;
1823: contra-revolução; ala direita-extremista: infante D. Miguel e a sua mãe; ala moderada do centro: rei e o governo;
1824: 2.ª revolta da direita fracassa, D. Miguel obrigado a submeter-se; 1826: † D. João VI; Garrett no exílio na Inglaterra (lê Shakespeare, W. Scott, Lord Byron);
1821: Extinção do Tribunal do Santo Ofício; abolição da censura;
1823: Revolta absolutista de Trás-os-Montes; golpe da "Vilafrancada".
1823-33: "Ominosa década", fusilamento dos dirigentes liberais.
1822: Independência da Grécia.
1825
Almeida Garrett (em Paris): Camões; 1826: D. Branca;
1826-27: Guerra civil (liberais contra absolutistas).
1825: Independência de Bolívia.
1824: †Lord Byron.
1828
Restauração do Absolutismo: D. Miguel, regente (cf. Miguelismo), repressão violenta, milhares de liberais presos ou exilados com apoio da população (liberais eram considerados ateus e inimigos da Nação);
1831: D. Pedro II abdica no Brasil e assume o comando da causa liberal; 1832: Desembarca com um exército no Porto e começa uma guerra civil de dois anos;
1836: Alexandre Herculano, A voz do profeta;
1825-1836: Regresso dos intelectuais emigrados na França e na Inglaterra; 1829: Garrett, Lírica de João Mínimo;
1829: Execução de liberais; encerramento de escolas.
†Goya
1833-75: Guerras Carlistas.
1830: Escândalo em Paris por causa da encenação de Hernani de V. Hugo;
locomotiva de Stephenson.
1834

D. Maria II; conservadores mantêm-se no poder; conturbada situação no País; Garrett com função diplomática em Bruxelas (lê literatura romântica alemã);
1832-34, decretos de Mouzinho: Abolição dos direitos senhoriais;
Leis de Joaquim António de Aguiar: Confiscam-se os bens da Igreja e extinguem-se as ordens religiosas.
1833: Desaparece formalmente o Reino da Galiza.
1831: †Hegel
1832: †Goethe, W. Scott.
9-IX-1836
Revolta da guarnição de Lisboa; eleições, nova constituição;
Setembrismo (política de centro-esquerda);
Teatro Nacional D. Maria II e do Conservatório de Arte Dramática.
1837: S. F. B. Morse inventa telegrafia.
1842
Costa Cabral proclama restauração da Carta Constitucional no Porto, é nomeado ministro do Reino, o poder volta às mãos da Direita;
Cabralismo: "Burocracia, riqueza, exército; eis os três pontos de apoio da doutrina; centralização, oligarquia: eis o seu processo; [...] Costa Cabral foi o iniciador dos caminhos-de-ferro com que depois se operou a restauração da riqueza nacional" (Joaquim Pedro de Oliveira Martins: Portugal Contemporâneo [período até 1868], Lisboa 71953);
† Adelaide Pastor, grande figura sufragista/feminista avant-la-lettre.
1841: J. L. de Espronceda y Delagado,  El diablo mundo.
Auguste Comte: Cours de Philosophie Positive.
1844
Garrett: Frei Luís de Sousa.
1845: Fome na Irlanda.
1846
Revolução da Maria da Fonte (com a participação activa de muitas mulheres, também chamada Patuleia, < "pata ao léu"; pretexto: Lei que proibia os enterros nas igrejas, aumento das contribuições), conjugou diversas forças contraditórias, aspectos de organização popular revolucionária. Revolta no Porto; guerra civil;
1847: Ante a entrada de um exército espanhol, solicitado por Saldanha, os revoltosos depõem as armas; Cabral reassume o poder;
1846-1853: Alexandre Herculano, História de Portugal;
1850: Frei Luís de Sousa representado no Teatro Nacional.
1848: K. Marx, Manifesto Comunista.
Comuna de Paris.
1851
Revolta de Saldanha (movimento da "regeneração de Portugal", preparado e definido entre outros por Alexandre Herculano), Saldanha constitui novo gabinete incluindo Almeida Garrett; grandes reformas;
Com este ano conseguiu-se a adaptação final do país às novas condições nascidas da perda do Brasil e do ruir do Antigo Regime.
1853: 1.º livro em galego (Xoán Manuel Pintos, A Gaita galega).
1850: †Balzac;
até 1855: publicação  de La comédie humaine.
1853
†D. Maria II, regência de D. Fernando II; D. Pedro V toma conta do poder em 1855;
1856: Abolição da escravatura no ultramar; início das obras do Caminho-de-Ferro;
1854: primeira linha telegráfica; 1854: † Garrett.
1857: Charles Baudelaire, Les Fleurs du Mal; tido como início da "lírica moderna".
1861
D. Luís.
J. P. Reis inventa o telefone.
1862
Camilo Castelo Branco: Amor de Perdição.
1863: R. de Castro, Cantares Gallegos.
Fim da escravitude nos EUA
1864: I Internacional
1865
Questão Coimbrã; Antero de Quental publica as Odes Modernas.
1868: Revolução em Espanha.
1871
Conferências do Casino Lisbonense suspendidas pelas autoridades. Começos de uma autêntica oposição às instituições e à ordem burguesa. Eça de Queirós articula o seu projecto de uma colecção de novelas (Cenas Portuguesas) que analisasse os vários aspectos da sociedade da época;
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, As Farpas (análise crítica da sociedade portuguesa com intenções reformadoras);
1872: Primeira greve moderna em Portugal.

1873: Proclamação da República.
1875: Restauração.
1870: Infalibilidade do papa.
1871: * M. Proust
1872: F. Nietzsche, O Nascimento da Tragédia
1874
Afonso XII;
1880: publicação d'O Mandarim de Eça de Queirós.
1883: E. Pardo Bazán, "La cuestión palpitante".
1886: J. Valera, "Apuntes sobre el nuevo arte de escribir novelas".
1881: †Thomas Carlyle, influência em F. Pessoa.
1889
D. Carlos I;
1888: Eça de Queirós, Os Maias.
1889: * Fernando Pessoa.
1880:
R. de Castro, Follas Novas.
1886: Rimbaud, Les illuminations.
Karl Marx, O Capital
1890
Ultimatum enviado pela Grã-Bretanha para que Portugal renuncie a um corredor que ligasse Angola e Moçambique; vaga nacional de indignação contra a Inglaterra;
Crise económica europeia; Ambiente de pessimismo e de descrença nos governantes;
Ciclo depressivo.
1889: Regionalismo de Brañas.
1890: † van Gogh
1894-97: Crise da República Francesa.
1895: Roentgen inventa raios X
1898: Guerra de Cuba, fim do império.
1905
Fernando Pessoa regressa definitivamente a Lisboa.
1900: †Nietzsche.
Siegmund Freud, A Interpretação dos Sonhos
1905: Albert Einstein, Teoria da Relatividade
1907
Ditadura do franquismo (< João Franco, ministro do reino); violência e repressão; greve dos estudantes de Coimbra que se converteu em movimento geral contra o governo;
Em Lisboa, Pessoa abandona a Faculdade.
1902-1917:  Alfonso XIII; anarquismo e regionalismo.
1904: "Entente cordiale" entre a França e a Inglaterra.
1-II-1908
Assassínio de D. Carlos e do príncipe herdeiro; D. Manuel II.
1907: 1.ª federação agrária na Galiza.
1910
Revolução militar e civil (participação das massas populares e da Maçonaria);
5-X: Proclamação da República; exílio da família real; governo provisório presidido pelo escritor Teóphilo Braga. Separação da Igreja do Estado; proibição das congregações religiosas e expulsão dos Jesuítas;
XII: Fundação no Porto da revista A Águia.
1912: Pessoa encontra Mário de Sá-Carneiro.
X: Sá-Carneiro instala-se em Paris, início da correspondência com Pessoa.
Desagregação e desaparecimento da monarquia e advento da república geram 3 vertentes do romance português herdadas de Eça de Queirós: 1) regresso às gestas místicas e heróicas de Portugal, 2) regresoo às tradições líricas do mundo rural, 3) convencionalismo artificioso do romance de costumes (Miguel Real).
1907:
Solidariedad Gallega.
Agrarismo galego.
20-II-1909:
T. Marinetti, "Manifeste du Futurisme".
1910: "África equatorial francesa".
†Tolstoi.
1911
10-I: Decretado o descanso semanal obrigatório ao domingo.
18-II: Instituição do registo civil obrigatório (passava a ser da responsabilidade do Estado o registo dos actos de nascimento, casamento e morte).
20-IV: Lei de Separação do Estado e das Igrejas (corte de relações com o Vaticano) por Afonso Costa, figura emblemática da facção democrática do PRP, presidente de vários ministérios ("em duas gerações, Portugal terá eliminado completamente o catolicismo"). "Republicanizar" era, primordialmente, enraizar uma mentalidade crítica, racionalista, liberta de obscurantismos e laica. A partir dessa prévia emancipação cultural, o republicanismo queria proceder à emancipação política e social dos indivíduos, há séculos oprimidos por reis e padres.
21-VIII: Constituição da República aprovada pela Assembleia Constituinte.
1910:Início do Expressionismo
1912: Acción Gallega (com a participação de Castelao).
1912
"Greve geral" dos trabalhadores sofre dura repressão: são presos centenas de activiastas operários e é encerrada a Casa Sindical. É o início de uma guerra aberta entre os republicanos no poder e o movimento operário organizado, um confronto que prejudica e isola o próprio republicanismo (Afonso Costa era conhecido pelo "Racha-sindicalistas").
1910-1912:
Canalejas.
Marinetti: Manifesto tecnico della letteratura futurista (futurismo aplicado à literatura).
1913
7-VII: Criação do Ministério da Instrução Pública (correspondente às preocupações educativas do republicanismo).
1914: Mário de Sá-Carneiro, Dispersão, Confissão de Lúcio.
1913: Proust publica Du côté de chez Swann, 1.º vol. do ciclo À la recherche du temps perdu.
1915
Publicam-se 2 números da revista literária Orpheu.
1915: Einstein, Teoria Geral de Relatividade.
1916

Afonso Costa força a entrada de Portugal na 1.ª Guerra Mundial; grandes carências e fome no país.

1916: 1.ª Irmandade da Fala.
Dadaismo no Cabaret Voltaire de Zurique.
1917
Golpe de estado do coronel Sidónio Pais que se revoltara contra a guerra e a chamada demagogia dos Democráticos e que se transforma em ditador sumamente popular (Raul Brandão: "É que todo o mundo está farto dos políticos [...] São principalmente as mulheres que o aclamam [...] - adoraram-no por causa dos padres e da religião -, adoraram-no como a um Messias", Vale de Josafat, Memórias, III, Lx s.d., 65-70).
1914-18: 1.ª Guerra Mundial
1916-1917: Maior parte dos governos europeus demitiu-se ou foi violentamente derrubada.
1916: "Irmandade de Amigos da Fala" na Coruña.
1918
Assassínio de Sidónio Pais (venerado por Pessoa).
Assembleia Nacionalista de Lugo.
1919
Proclamação da monarquia no norte, guerra civil, restauração da república.
1920: Revista Nós
1922: T.S. Eliot, The Waste Land
1921
"Noite sangrenta", vários fundadores da República assassinados.

1923

18-XII: Empossado um novo governo, presidido por Álvaro de Castro, dissidente do Partido Nacionalista, no qual se incluiu, na pasta de Instrução Pública, António Sérgio.
Florbela Espanca, Livro de Soror Saudade.
1922: James Joyce, Ulysses.
13-IX: Primo de Rivera, estado de guerra e ditadura em Espanha.
1923: Seminario de Estudios Galegos (e ingresso de Castelao).
1924
1-IV: Os aviadores Brito Pais e Manuel Gouveia e Sarmento iniciam a primeira viagem aérea até Macau;
28-IX: União dos Interesses Económicos mobiliza o patronato contra a República.
15-X: André Breton, 1.º Manifesto do Surrealismo. Franz Kafka, O Processo.
Thomas Mann, A Montanha Mágica
1925
18-IV: Movimento militar derrotado, "ensaio geral" para o 28-V-1926.
O café A Brasileira do Chiado torna-se num espaço de mostra de pintura moderna depois de o jornalista Norberto de Araújo ter sugerido decorar o café com pinturas modernistas. O proprietário contratou, entre outros, Almada Negreiros, Stuart Carvalhais e José Pacheco. Na Lisboa dos anos vinte tornaram-se moda os clubes nocturnos, produtos da folle époque, mistos de dancing e casino. Constituíram ilhas de cosmopolitismo numa sociedade ainda drasticamente marcada pelo conservantismo.
José Régio, Poemas de Deus e do Diabo.
Ratificação do Tratado de Versalhes.
Serguei Eisenstein estreia O Couraçado Potemkine, a sequência de seis minutos da matança de Odessa é considerada a sequência mais decisiva do cinema mudo.
1926
28-V: Golpe militar do general Gomes da Costa, 1.º governo da ditadura militar, revoltas no Porto e em Lisboa,
Repressão violenta sobre sindicatos e oposição (republicanos, comunistas, anarco-sindicalistas, maçónicos...).
Renovado pelo arquitecto Carlos Ramos, o Bristol Clube chegou a ser considerado como a "casa dos artistas". Junto com a Brasileira foi um recinto pioneiro na aquisição e exposição de obras de arte modernas, contribuindo para a afirmação da primeira geração de artistas modernos.
Castelao, Cousas.
Fritz Lang, Metropolis.
John Logie Baird inventa a televisão.
Mussolini instaura ditadura total na Itália.
1927
3-II: Início de um movimento civil e militar ("Reviralho") contra a Ditadura Militar, integrado por republicanos, socialistas, anarquistas e comunistas. Há decenas de mortos, milhares de feridos, mais de 600 prisões e deportações.
19-IV: publicação do 1.º número da Presença, fundada por José Régio e João Gaspar Simões entre outros (cf. 2.º Modernismo).
Escritor/a individualiza-se, eleva a genialidade pessoal a único critério de arte.
1926: Castelao membro da RAG.
1926: †Rilke.
The Jazz Singers, 1.º filme acompanhado de voz.
1928
Salazar, ministro das finanças ("mago financeiro"), a "ditadura financeira" que impõe para entrar no Governo, dá ao Ministério das Finanças o controlo de toda a actividade económico-financeira do Governo (esta solução financeira trazia implícita, como condição da sua própria realização, uma solução política que passava pela drástica mudança da natureza do Estado num sentido autoritário, antiliberal e corporativo);
1929-1930: Salazar conspira activamente para afastar os militares republicanos da chefia do Governo; líder doutrinário-político da ditadura.
Luis Buñuel estreia o filme surrealista Un Chien Andalou.
1929: Quebra da bolsa de Nova Iorque.
1930/31
Estado Novo, ideal dum governo autoritário numa sociedade corporativa.
1931: Fundação do Partido Galeguista (Castelao, Otero Pedrayo e Suárez Picallo).
1932
Salazar, chefe do governo (só abandona o cargo em Setembro de 1968).
1934: Florbela Espanca, Charneca em Flor.
1934: Fernando Pessoa, Mensagem.

1933

Criação e consolidação das estruturas políticas e sociais do Estado Novo.
Discursos de sAlazar sobre a Ordem: Deus, Pátria e fAmília.
Reorganização do Partido Comunista. Desorientação social dos republicanos.
Hitler ganha as eleições e acede ao poder.
1936
Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa (organização paramilitar, serviço obrigatório);
Centralização das funções do governo na pessoa de Salazar (Ministério dos Negócios Estrangeiros, das Finanças, da Guerra);
1938: Portugal reconhece de iure o "Governo de Burgos".
José de Almada-Negreiros, Nome de Guerra.
Anos 30: Início do Neo-realismo.
1937: Estatuto da Galiza.
1936-39: Guerra Civil
1939
Neutralidade na 2.ª Guerra Mundial, favorecida pela postura de Franco.



1940
Comemoração dos 800 anos de existência, organizado pelo Secretariado de Propaganda Nacional (dirigido por António Ferro).
Miguel Torga, Bichos.
Encontro entre Salazar e Franco.
1945
M.U.D. - Movimento de Unidade Democrática, comício autorizado da oposição;
Reforço da P.I.D.E. (Polícia Internacional e de Defesa do Estado);
Moderação temporária da censura, sobretudo em tempos de intensas campanhas de propaganda.
1948: Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos.
1944: Castelao, Sempre en Galiza.
1945:
Fim da 2.ª Guerra Mundial.
1949
Crise, aumentam as forças da oposição;
General Norton de Matos candidato à presidência, oposição dividida, comunistas ganham importância.
1946: Gayoso e Seoane executados.
1945: Carta das Nações Unidas.
Anos
50
Fomento da industrialização. As estruturas políticas organizacionais do Estado Novo fraquejam e as camadas sociais apoiantes do salazarismo dividem-se. A maior industrialização e o crescimento das cidades criam novos grupos sociais de mentalidade mais aberta.

1951
Adesão à OTAN.
1954: Agustina Bessa Luís, A Sibila.
1950: †Castelao.
Guerra de Coreia.
1958
2.ª crise de estado; Salazar cada vez mais apartado da realidade;
Eleiçoes presidenciais: Humberto Delagdo candidato carismático da oposição moderada; fraude eleitoral.
Alexandre O´Neill, No Reino da Dinamarca.
1959: †Cabanillas.
1954: Guerra de Vietnam.
1961
1960: ONU considera os territórios ultramarinos portugueses colónias.
Começa a guerra colonial em Angola.
1961: Herberto Helder, A Colher na Boca. 1962: Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto.
1957: Fundação da CEE.
1962
Maria Gabriela Llansol, Os Pregos na Erva.

1963
Começa a guerra colonial em Guiné-Bissau (PAIGC).
Herberto Hélder, Passos em Volta
1962: Longa noite de pedra.
1959: Revolução Cubana.
1964

Começa a guerra colonial em Moçambique (FRELIMO). O exacerbado colonialismo foi condenadao pela ONU e outras organizações internacionais, conduzindo o regime salazarista à isolação. Perante a hostilidade internacional, Salazar proferiu a célebre frase do "estamos orgulhosamente sós".
1966: Bernardo Santareno, O Judeu.
UPG na Galiza.
1962: Crise de Cuba.
1966: †Che Guevara.
1968
Salazar cai da cadeira e é internado. Marcelo Caetano nomeado Primeiro Ministro;
Mário Soares deportado a Santo Tomé;
José Cardoso Pires, O Delfim.

Maio do 68 em Paris.
Intervenção soviética na Checoslováquia
1969
Eleições quase livres, derrota espectacular da oposição. Revoltas nas universidades. Aumentam os gastos militares da guerra, baixa a reputação do exército; Portugueses cansados da guerra, deserções. Inflação, crise económica, aumento da propaganda comunista.
Maria Velho da Costa, Maina Mendes. Nuno Bragança, A Noite e o Riso.
Apollo 11 chega à lua.
1970
†Salazar.
53% da população com mais de 60 anos não sabe ler.
1971: Instituto da Língua Galega.
1971
Fernanda Botelho, Lourenço é Nome de Jogral.

1973
Reunião em Évora de 136 oficiais que protestam contra os decretos do Governo, ponto de partida do Movimento dos Capitães.
M. Isabel Barreno / M. Teresa Horta / M. Velho da Costa, Novas Cartas Portuguesas.
† Picasso.
† Allende.
1974
22-II: Publicação do livro Portugal e o Futuro do general Spínola.
16-III: Revolta do Regimento de Caldas da Rainha, antecipação do 25-IV.
25-IV: Golpe de estado da "revolução dos cravos".
27-VI: O direito das colónia à independência é reconhecido.
28-IX: Tentativa de golpe de estado de Spínola, encuberto na "maioria silenciosa".
Watergate.
1975

11-III: Nova tentativa de golpe de estado de Spínola.
14-III: Nacionalização dos bancos e dos seguros.
11-IV: Pacto entre o MFA e os partidos políticos, MFA reserva-se o papel do árbitro.
25-IV: Eleições para a Assembleia Constituinte, vitória do PS.
25-XI: Militares de ideologias diversas enfrentam-se, procurando obter o controlo do país, vence a facção moderada. O programa do MFA, que em síntese visava os três D´s - democracia, descolonização e desenvolvimento -, teve leituras diferentes. Se a democracia como expressão de liberdade interessava à maioria, já a descolonização pela forma como foi conduzida e pelos traumas e consequências económicas que levantou, não foi entendidad de forma tão pacífica.
Gran Enciclopedia Gallega.
†Franco.
Independência de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.
1976
2-IV: Todos os partidos, com excepção do CDS, aprovam a nova Constituição.
A Constituição era uma expressão das grandes transformações vividas na sociedade portuguesa. Apontava como objectivo supremo a transição para o socialismo. Revolução e descolonização, que de um dia para outro fizeram aumentar no continente a população na ordem das 700.000 pessoas e perder os mercados tradicionais, tornam difícil a recuperação económica.
†Otero Pedrayo.
Adolfo Suárez.
Política do apartheid na África do Sul.
1977
Estreia-se a primeira telenovela brasileira, Gabriela - cravo e canela, baseada num romance de Jorge Amado. Inicia-se o "fenómeno telenovela" como traço-mediático-chave (influência lexical), substituindo as doses maciças de programação política a seguir a revolução. Inicia-se a omnipresença da televisão na vida quotidiana.
José Saramago, Manual de Pintura e Caligrafia. Dinis Machado, O que Diz Molero.

1978
Questionamento da identidade nacional: Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade:
Há um profundo irrealismo da imagem que os Portugueses fazem de si próprios. A história de P. contraria a história  de heróis isolados, num universo deserto: "A mistura fascinante de fanfarronice e humildade, de imprevidência moura e confiança sebastianista, de inconsciência alegre e negro presságio que constitui o fundo do carácter português está ligada a esse acto sem história que é para tudo quanto nasce o tempo do seu nascimento". Através do providencial e do milagroso faz-se a explicação dos fenómenos. Não através de uma relação causa-efeito. Depois, a história de P. é encarada segundo os grandes traumatismos que a perpassaram: A perda da Índia, do Brasil e posteriormente de África são as grandes perdas de uma nação que não se soube reencontrar.
1979: António Lobo Antunes, Os Cus de Judas.

1980
Rui Simões, Bom Povo Português.
4-XII: Num acidente de aviação † Sá Carneiro e Adelino da Costa, dirigentes do PSD e CDS, principais partidos da AD.
Lídia Jorge, O Dia dos Prodígios. António Lobo Antunes, Os Cus de Judas.
Governo reintegra a título póstumo personalidades destacadas da cultura portuguesa (Jaime Cortesão, Raul Proença, António Sérgio, Aquilino Ribeiro) que regime salazarista demitira da Biblioteca Nacional de Lisboa.
1979: †Blanco-Amor, Seoane, C. Emilio Ferreiro.
1979: Intervenção soviética no Afganistão.
1982
30-X: Entra em vigor a Constituição reformada, elimina-se o Conselho da Revolução.
Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães. José Saramago, Memorial do Convento.
1.ª ed. póstuma do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa.
1983: Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian (Azevedo Perdigão).
1981: †Cunqueiro, Dieste;
1.º Parlamento Galego.
Guerra das Malvinas.
1984
Otelo Saraiva de Carvalho é acusado de ser o dirigente das FP-25.
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis.
1982: Felipe González
1986
Adesão de Portugal e Espanha à CEE; Soares presidente da república.

1988
Maria Velho da Costa, Missa in Albis.

1989

Caída do muro de Berlim.
1990
Manoel de Oliveira, NON ou a Vã Glória de Mandar.

1991
José Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo desata polémica em Portugal, quando o secretário do estado para a cultura, Sousa Franco,  o retira de uma lista de obras portuguesas que se candidatam para um importante prémio europeu.

1993
Inicia-se a edição da História de Portugal sob a direcção de José Mattoso.

1998
EXPO em Lisboa.
Saramago recebe o prémio Nobel.

1999
Descolonização de Macau.
Independência de Timor-Leste.

2001

11-IX: Ataque suicida ao WTC