26/01/12

Ondjaki: “O drama é vizinho, todos os dias, da alegria”

Na próxima quarta-feira, dia 1 de fevereiro, o escritor angolano Ondjaki visitará a Universidade de Vigo para falar da literatura angolana actual e da sua própria obra. O acto, organizado pelo grupo de investigação GAELT, terá lugar na aula A7 da Faculdade de Filologia e Tradução a partir das 12:00 horas.
Ondjaki é uma das novas vozes angolanas mais divulgadas e traduzidas do momento. Recebeu em 2007 o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco pelo seu livro Os da Minha Rua e, em 2008, o prémio Grinzane para o melhor escritor africano do ano. Em 2010, foi-lhe outorgado o prestigioso prémio brasileiro Jabuti para o seu romance AvóDezanove e o Segredo do Soviético
Mais informações sobre o autor e sua obra, além de textos de poesia e prosa, podem ser encontradas aqui e aqui. A seguir, encontrarão uma entrevista inédita com Ondjaki, dois vídeos com entrevistas de 2009 e de 2011, além de vários links para estudos académicos e mais material audiovisual.

14/01/12

Osso vaidoso: "Animal"

Osso vaidoso, composto por Ana Deus (ex-Ban) e Alexandre Soares (ex-GNR), publicaram com Animal um dos mais interessantes CDs portugueses do 2011. Trabalham com textos próprios mas também se apoiam em poesia contemporânea de Regina Guimarães, Alberto Pimenta ("Cola Cola Song" e "Ni nha rias") ou valter hugo mãe ("Poligamia").
Em 1996 a mesma dupla foi responsável pelo histórico álbum de estreia Partes Sensíveis (1993), quando integravam a banda Três Tristes Tigres. Naquele álbum estava o cativante tema “O Mundo A Meus Pés”. 
Vídeo da canção "Animal":


Animal - Osso Vaidoso from raquel castro on Vimeo.


Versão ao vivo de "Ni nha rias" sobre um texto de Alberto Pimenta:



Mais canções podem ser ouvidas aqui (com letras).
ComScoreMais vídeos aqui.

08/01/12

Isabela Figueiredo: Caderno de Memórias Coloniais

O Caderno de Memórias Coloniais, da escritora e bloguista Isabela Figueiredo, tem-se convertido, nos últimos anos, num dos acontecimentos literários mais importantes em Portugal. Para a revista Ípsilon, suplemento cultural do diário O Público, foi um dos livros do ano 2009 e que, agora, já vai na 5.ª edição. Os 43 textos que compõem o Caderno (seguidos por uma “adenda” e uma entrevista) representam, num tono autobiográfico, cenas de uma infância nos arrabaldes de Lourenço Marques, o que hoje em dia é Maputo, a capital de Moçambique. Parcialmente, estas memórias foram compiladas a partir do blogue "O Mundo Perfeito", criado pela autora em 2005, e que, inicialmente, estava encabeçado por uma epígrafe da poeta galega Lupe Gómez. Este blogue foi reconvertido, em 2009, a outro chamado "Novo Mundo". O impacto do Caderno de Memórias Coloniais, e o seu extraordinário destaque junto da crítica, deve-se ao facto de atentar contra o que se poderia chamar a visão paradisíaca ou, pelomenos, suavizada, que uma parte da sociedade portuguesa continua a cultivar no que diz respeito ao período colonial.
Este discurso cor-de-rosa está presente, ainda, na academia e no ensino. Se abrirmos, hoje, um compêndio de história de referência, como a História de Portugal, dirigida por José Mattoso, ou de grande divulgação sobre os Descobrimentos, como Originalidade da Expansão Portuguesa por Orlando Ribeiro, não encontraremos muitos relatos de perspectivas críticas sobre o colonialismo português nem muita informação sobre racismo, crimes de guerra ou as peculiaridades da sociedade colonial, sobre como se tratava a população autóctone, como eram as famílias fundadoras do sistema colonial, as histórias íntimas dos altos funcionários do regime ou dos militares que optaram por ficar lá depois do 25 de de Abril. Dentro e fora de Portugal continua a cultivar-se o discurso de um colonialismo mais brando e suave em comparação com os outros impérios, geralmente disfarçado da sua capacidade de mestiçagem de raças e de transferência intercultural. Os Anos da Guerra (1988), organizado por João de Melo, que combina uma antologia de textos literários sobre a experiência da guerra colonial com uma análise historiográfica crítica, representa uma excepção, enquanto outros, que se mostram abertamente críticos com a história da expansão portuguesa, como Ministros da Noite (1992) de Ana Barrados, são muito mais raros ainda.