23/02/16

Michel Yakini: Literatura Brasileira Contemporânea nas Periferias de São Paulo

No dia 28 de Janeiro de 2016, realizou-se na FFT uma palestra do escritor brasileiro Michel Yakini, co-fundador do Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente e activista do movimento de literatura das periferias de São Paulo. Oferecemos aqui o PPT da palestra e duas breves gravações de recitações do seu livro Crônicas de um Peladeiro (2014).




Michel Yakini também publicou "Desencontros" (contos, 2007), "Acorde um verso" (poesia, 2012) e "Crônicas de um Peladeiro" (crônicas, 2014). Participou de diversas publicações e antologias: Pelas Periferias do Brasil. Volume I (2007 – Org. Alessandro Buzo. Suburbano Convicto Edições), Revista Grap (Grafismo e Poesia, 2007 – Unika Produções), Cadernos Negros. Volume 30, 32 e 36 (Contos, 2007, 2009 e 2013 – Org. Marcio Barbosa e Esmeralda Ribeiro. Quilombhoje), Sarau Elo da Corrente –Prosa e Poesia Periférica (2008 –Org. Michel da Silva e Raquel Almeida. Elo da Corrente Edições), Negrafias – Literatura e Identidade, Volumes I e II (2008/2009 –Org. Marciano Ventura. Ciclo Continuo) Antologia Sarau da Brasa, Volumes I e II (2009, 2010 –Org. Coletivo Cultural Poesia na Brasa), Do Luto a Luta, 2011 – Org. Mov. Mães de Maio. Antologia Sarau Perifatividade (2012, Coletivo Perifatividade), Antologia Sarau da Ademar (2012, Coletivo Sarau da Ademar) e Pode pá q é nois q tá (Antologia, 2012, Edições Mesquiteiros).
Mais informação em http://www.michelyakini.com/

05/01/16

Larouco (deus)



Lucía Fernández Palomanes
(Panorama de Literaturas e Culturas Lusófonas, 2015-2016)

A Serra do Larouco é uma serra localizada no norte de Portugal e no sul da Galiza, concretamente, na província Trás-os-Montes (no concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, Portugal) e nas câmaras municipais de Cualedro e Baltar, pertencentes à província de Ourense (Espanha).
          Na serra foram achadas duas aras dedicadas ao deus Larouco: Uma em Vilar de Perdizes, a qual foi encontrada em 1969 e foi levantada em 2007- 2008, na que se pode ler LARAVC/O D(...) MAX/VMO V(...)/ L(...) A(...) S(...) . Esta inscrição pode ler-se como LARAVC/O D(eo). MAX/VMO V(otum)/ L(ibens) A(nimo) S(olvit). (Cumpriu o seu voto com ânimo alegre a Larouco, Deus Supremo, Padroeiro Supremo). Atribui-se a Laravco Deo (Deus Larouco) o epíteto Máximo, adjetivo que normalmente se atribui a Júpiter. Junto com esta ara, estava outra, dedicada ao deus Júpiter. A inscrição da ara de Júpiter tem a gravura Iovi/ O(ptimo) Max(imo)/ Capito CARM(inus) (Capitão Carmínio ofereceu este altar a Júpiter Óptimo Máximo, com ânimo alegre).
A outra ara dedicada a Larouco achou-se no outro lado da serra, em Baltar (Espanha). A ara de Baltar tem a gravura "D(eo) REVE/LARAUCO/VALEN(us) APER EX/VOTO" (Para o Deus Reve dos Laroucos, de Valeno Aper, por uma promessa).
          Em São António de Monforte (Chaves, Vila Real) foi achada uma outra ara ainda Neste caso, o que podemos ler na inscrição é: LAROCVO/AMA PITIL/I FILIA LIBII(NS)/ANIMOV/ TUM RITVLI/ PRO MARITO SV(O).  A Larouco, de Ama Pitili, em cumprimento de um voto em favor do seu marido. Como se pode ver, neste caso não há nenhuma palavra que faça alusão a uma divindade, como Reve ou Deo, mas o caráter divino de Larouco é palpável ao haver uma mulher que dá uma ara como agradecimento a um voto a favor do marido.
          Embora muitos investigadores (como Bermejo Barrera 1986) achem que Larouco é um teónimo, isto parece não ser assim. Outros investigadores defendem a ideia de que Larouco é simplesmente um topónimo. Cabeza Quiles (2014) considera que Larouco, era um lugar sagrado ou de comunicação com a divindade, de maneira que as fórmulas Deo/Reve Laravco ou Laravco Deo Máximo devem ser entendidas como a/para o Deus/Reve do Larouco. Esta afirmação sustenta-se em que laro- e lar- vêm da língua celta e significam “chão”, “plano” ou “campo”. Com esta teoria concorda F.J González García. Para além disso, González García estabelece uma relação do Deus Larouco com as divindades do céu, o que também defende J.C Olivares Pedreño. Carlos Búa reconhece igualmente Larouco como topónimo, concretamente, como orónimo, rejeitando a teoria de Blanca María Prósper de Reve fazer referência a divindades aquáticas, já que é impossível que um mesmo rio tenha vertente em dois lados distinto da mesma serra.
          O culto ao Deus do Larouco foi substituído pelo culto cristão. Testemunho disto é que perto dos lugares onde se encontraram as aras foram construídas capelas, em Vilar de Perdizes uma delas foi consagrada à Nossa Senhora da Saúde e a outra, em Baltar, à Virgem da Assunção. Aliás, na igreja de São Miguel, em Vilar de Perdizes apareceu uma escultura que, em palavras do Padre Fontes, é uma representação do Deus do Larouco, que foi escondida nos muros da igreja para impedir misturar as duas religiões, o Cristianismo e o Paganismo. Apesar da cristianização, a população da área continuou a relacionar a Serra do Larouco com o trovão e a chuva, embora Reve Larouco provavelmente tenha sido um deus supremo (A Serra do Larouco era a maior e mais temida por certopela sua influência na chuva, rios, água, trovão, “Trovão no Larouco nunca é pouco”, Lourenço apud Pedreño 2002: 171).


Bibliografia
Quiles, Fernando Cabeza (2015). A toponimia de Galicia. Noia: Toxosoutos.
Bermejo Barrera, José Carlos (1986). Mitología y mitos de la Hispania prerromana II. Vol. 85. Madrid: Ediciones Akal.
Búa, Carlos (2009). “Hidronímia e teonímia” em Onomástica galega II: onimia e onomástica romana e a situación lingüística do noroeste peninsular. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela.
Gago, Manuel (2012). “Mirarlle a cara a un antigo deus”, dispoñíbel en http://www.manuelgago.org/blog/index.php/2012/01/25/mirarlle-a-cara-a-un-antigo-deus/.
García, Francisco Javier González (2007)Los pueblos de la Galicia céltica. Madrid: Ediciones Akal.
Pedreño, Juan Carlos Olivares (2002). Los dioses de la Hispania céltica. Vol. 7. Madrid: Real Academia de la Historia,.
Prósper, Blanca María (2002). Lenguas y religiones prerromanas del occidente de la Península Ibérica. Vol. 295. Salamanca: Universidad de Salamanca.
________ (2009). "Reve Anabaraeco, divinidad acuática de las Burgas (Orense)." em Acta Palaeohispanica X Palaeohispanica 9, 203-214.

Outras fontes
Vídeo com o Padre Fontes (https://www.youtube.com/watch?v=Ih5tMBI3YK0).
Último acesso a todas as fontes: 18/10/2015.